"Falar de coisas sérias, cansa!"

A frase não é minha, mas concordo plenamente com ela, ou pelo menos com a ideia. Falar de coisas sérias, cansa... e não só cansa como nos torna preocupados, intelectuais, secantes e até mesmo, velhos! Quantos de nós não nos vimos já perante alguem que, através do seu discurso intelectual e inteligente sobre problemas do Mundo e da Humanidade, nos pareceram autênticas K7's do que ouvimos no Jornal da Noite de hoje, de ontem, de ante-ontem, de ante-ante-ante... ante-etc, giródisco e tocómesmo?

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Porém, é exactamente sobre tudo isto que me apetece escrever. Digo mais, o meu livro de hoje teria como título "Se o Mundo se unisse...", bonito, não é?

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Noto naqueles que me rodeiam cada vez mais um sentimento de revolta e de união perante o Mundo (ou mundo, porque somos cada vez mais pequeninos) em que nos inserímos. Sei que a crise nos tem afectado a todos, mas também tenho firma certeza que a passagem da adolescência para a fase de pré-adulto-com-responsabilidades-e-necessidade-de-trabalhar também influencia a mente daqueles que proferem a frase (ou ideia) que mais tenho ouvido nos últimos tempos: "tou farto disto. Por mim vivia numa cabana à frente da praia, descalço e plantava o que comia". Enfim... eu não fujo à regra e era capaz de dizer o mesmo se todos os dias, por obra do Menino Jesus, me aparecessem €50 na mesa de cabeceira.

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Se tal acontecesse e o Menino Jesus, qual Pai Natal, nos desse a todos os tais €50 por dia (que variarião conforme a inflacção), então tudo se tornaria mais fácil. No entanto, isso não acontece e devido à impossibilidade de podermos contar com "o ovo no cú da galinha", continuamos a dizer que "estamos fartos disto" e a idolatrar individualidades que uniram não o Mundo, mas parte dele: 'Che' Guevara, Bob Marley, Martin Luther King, são apenas alguns dos exemplos.

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Há uma clara necessidade do Homem em querer ter sempre mais do que tem, em chegar onde nunca ninguem chegou e em ser o primeiro. O Homem é na sua essência egoísta, no sentido em que o Ego de cada indivíduo deve ser maior e estar "melhor" alimentado que o da pessoa a seu lado. A natureza da Humanidade vive da ambição em ter sempre mais que o outro, nunca pensado que há quem não tenha nada, nem sequer o pensamento que um dia terá algo. Não falo em sistemas políticos, não critico governos nem governantes, não falo em raças ou cores e muito menos em distinções religiosas, mas sim em 'Nós' e em em todo o nosso potencial que se tem verificado muito melhor a destruír que a construír.

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Não tenho dúvidas que se todos nos uníssemos em prol da construção de um Mundo (e não mundo) melhor, poderíamos viver mais próximos de uma qualquer "praia", calçados ou não, e os nossos ídolos serião os vizinhos do lado. Porém, o Homem opta por ambicionar querer mais do que um pôr-do-sol, porque um pôr-do-sol com um jacuzzi num qualquer resort paradisíaco torna o mesmo muito mais belo.

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Posto tudo isto, "se o Mundo se unisse..." não nos cansávamos a falar de coisas sérias e que nos tornam velhos e cansados.